A Biblioteca do Museu

A biblioteca do Museu Nacional de Arqueologia, uma das mais importantes bibliotecas portuguesas especializadas em arqueologia é constituída por um acervo documental com cerca de 20.000 monografias, 1750 títulos de publicações periódicas, das quais cerca de 788 títulos já mortos, mapas, 1280 manuscritos, 3 incunábulos, um número indeterminado de livros antigos, gravuras e legados de José Leite de Vasconcelos, Estácio da Veiga, Luís Chaves e Nuno Carvalho dos Santos.
A maior parte da colecção de publicações periódicas entra por permuta, que mantemos com cerca de 300 instituições internacionais, conseguida através da publicação de <<O Arqueólogo Português>>. O doutor Leite de Vasconcelos, deixou em testamento ao MNA, parte do seu expólio científico e literário, que constitui o mais prestigioso legado existente no acervo documental da biblioteca. Este fundo bibliográfico é formado pela livraria pessoal de J.L.V., correspondência, apontamentos e documentação que utilizou na elaboração dos seus numerosos trabalhos científicos. Em 1998, foi publicado o inventário da correspondência de Leite Vasconcelos. A consulta desta documentação é restrita a investigadores, mediante pedido por escrito dirigido ao Director. Para além de apoiar os técnicos do Museu, a biblioteca encontra-se, igualmente, aberta ao público em geral mas como, serviço especializado, o seu acervo está mais vocacionado para investigadores e estudantes de nível universitário.

Legado documental de Leite de Vasconcelos

Falecido em 1941, com 82 anos, Leite de Vasconcelos deixou ao seu Museu um valioso legado, incluindo uma biblioteca de cerca de oito mil títulos e um espólio documental de dimensão invulgar, essencialmente composto por:
– Correspondência dirigida ao próprio, no período compreendido entre 1880 e 1941– mais de vinte e quatro mil espécies de quase três mil e setecentos autores, nestes se incluindo a maioria das personalidades eminentes da cultura portuguesa da época, bem como inúmeros vultos estrangeiros de renome em vários domínios do conhecimento.
– Grandes quantidades de manuscritos do próprio Leite de Vasconcelos e de muitos dos seus colaboradores.
– Núcleos de correspondência para terceiros, adquirida por Leite de Vasconcelos atendendo quer à natureza do seu conteúdo – espécies epistolares dirigidas a personalidades de vulto no campo das ciências por ele cultivadas – , quer à identidade dos seus autores. Neste último caso pode citar-se correspondência com a assinatura de Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e outros expoentes das nossas letras; ou ainda, no que diz respeito a personagens históricas, cartas assinadas, por exemplo, por Dona Maria II ou Dom Fernando II.
– Manuscritos de terceiros que, tal como sucedeu com a correspondência, foram adquiridos por Leite de Vasconcelos atendendo à natureza do seu conteúdo, dado terem sido escritos por personalidades de vulto no campo da ciência.
– Manuscritos antigos, de importância histórica e literária, que Leite de Vasconcelos foi adquirindo em alfarrabistas ao longo da sua vida. Estes manuscritos pertencem a diferentes épocas, encontrando-se entre eles alguns pergaminhos.
– Uma boa colecção de gravuras, sobretudo de temática etnográfica, bem como de fotografias e de desenhos.
– Postais ilustrados, uns não escritos, e que Leite de Vasconcelos foi coleccionando tendo em linha de conta a sua temática; outros a ele dirigidos, e como tal integrados no núcleo da correspondência.

Trata-se pois de um espólio cujo estudo aprofundado pode constituir um contributo precioso para o conhecimento da vida intelectual portuguesa entre as décadas finais do século XIX e os primeiros quarenta anos do século XX, permitindo ainda abordagens parcelares relativamente às teorias e práticas vigentes nos vários domínios do conhecimento nele tratados.

Através da correspondência é possível igualmente conhecer-se melhor a personalidade complexa de Leite de Vasconcelos bem como de alguns dos intelectuais que com ele se corresponderam, por vezes ao longo de várias décadas.

De realçar também a importância de que se revestem para o próprio Museu as inúmeras referências explícitas a objectos e a colecções incorporados durante esse longo período, acompanhadas em muitos casos de descrições pormenorizadas, de fotografias e de desenhos.